A escola católica é, por natureza, um espaço diferenciado para o discernimento vocacional. A BNCC dá um impulso pedagógico a este trabalho com a competência “Projeto de vida”. A Pastoral escolar é um meio para catalisar o processo de escuta interior nos jovens estudantes.

Agosto, no Brasil, é o mês vocacional. Nas missas dominicais, cada domingo recorda uma vocação específica. E a voz do vento e tempo, chamando sem cessar, continua nos recordando: “a decisão é tua!”. Mas será que no mundo complexo e digitalizado em que vivemos, tomar essa decisão é algo simples e claro como parece ter sido noutros tempos? Qual o papel das escolas e universidades católicas nesse processo de descoberta do próprio caminho?

CNSD PASTORAL ESCOLAR

Escola católica: espaço aberto para o discernimento Escolas e Universidades sempre foram espaços privilegiados para a animação vocacional, especialmente porque nelas as pessoas vivem o momento da juventude em que amadurecem seus sonhos e projetos pessoais. Nesse processo individual de auto descoberta, são imprescindíveis os conhecimentos que compartilham e as experiências que vivenciam no ambiente escolar. Na educação católica, este processo é incrementado pela dimensão pastoral[1]evangelizadora que, aliada ao percurso formativo para o Projeto de Vida, descortina o mistério da vocação humana numa perspectiva espiritual, transcendente e também eclesial.

BNCC, Projeto de Vida e discernimento vocacional

Evangelizar na escola e universidade significa mesclar duas linguagens: a da evangelização e a da pedagogia. Podemos pensar o discernimento vocacional neste cruzamento, especialmente a partir da BNCC que traz como uma de suas competências o “Projeto de Vida”. Em geral, as abordagens em torno desta competência giram em torno da questão profissional. Em chave evangelizadora, sabe-se que não apenas a realização profissional é suficiente para a realização humana. Aqui a Igreja pode contribuir muitíssimo, já que tem longa tradição no discernimento vocacional. É importante, no entanto, perceber no processo de autoconhecimento e construção do Projeto de Vida o chamado de Deus – a vocação – que está oculta em toda busca de plenitude e realização humana.

Discernimento vocacional e pacto educativo global

No Pacto Educativo Global que todas as instituições educacionais católicas estão chamadas a fazer, a centralidade da pessoa ecoa o discernimento vocacional na medida em que entendemos que a educação não é apenas formação científica, mas formação que integra os saberes das mãos, da mente e do coração. Esta integração ganha mais sentido quando pensamos que cada pessoa humana é vocacionada, ou seja, chamada por Deus para realizar o seu projeto no mundo assumindo um projeto pessoal em que sinta-se realizado e que, ao mesmo tempo, possa contribuir para o crescimento da humanidade.

Em 2021: “Cristo nos salva e nos envia”

O tema do mês vocacional em 2021 escolhido pela Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB foi “Cristo nos salva e nos envia” e o lema, “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (cf. Jo 5,24). Esta temática nos remete à centralidade de Cristo no processo vocacional. Todo batizado é um vocacionado porque foi salvo pelo Cristo Senhor e nosso engajamento em uma vocação específica não é para nosso deleite pessoal, mas é uma resposta a essa salvação gratuitamente oferecida a nós. Na escola, podemos auxiliar os estudantes a aprender a escutar o chamado – algo que não é tão simples no meio de tantas “vozes”. Essa escuta aumenta a inquietação, é verdade, mas tem um forte poder direcionador: entender-se chamado é encontrar um horizonte de sentido para a vida no meio do “deserto espiritual” em que vivemos.

Pistas para um trabalho vocacional diferenciado na escola/ universidade católica

Para auxiliar as escolas a vivenciarem o mês vocacional a ANEC compartilha cinco pistas reflexivas para organizar o trabalho pastoral:

  • Ajude os estudantes a descobrirem que têm fome e sede de algo. Este é o ponto de partida para qualquer projeto de vida em perspectiva do discernimento vocacional. Deus desperta em nós uma “vontade” de fazer algo pelo Reino, mas a maioria não sabe nomear essa vontade ou sequer sabe que a tem. Mentes muito agitadas tem dificuldade de escutar os apelos interiores mais profundos. Explore essa escuta com os estudantes. Pode ser difícil, no começo, mas vale a insistência: todo mundo tem um grito dentro de si que merece ser ouvido!
  • Trabalhe a dimensão vocacional com todos os educadores e não apenas no âmbito da área de pastoral. Estenda aos professores e coordenadores pedagógicos a função de auxiliar os estudantes na orientação de vida. Isso não significa que todos precisam ser “especialistas” em vocação ou orientação profissional, mas que todos devem estar conscientes do seu poder de influência sobre os jovens estudantes. Um caminho para isso é retomar o percurso vocacional de cada educador, redescobrindo seus chamados pessoais e rezando suas histórias de vida.
  • Amplie a visão da equipe acerca da competência “Projeto de Vida” incluindo a dimensão da espiritualidade e transcendência. Em geral, focaliza-se muito a questão da profissão e da inserção no mercado de trabalho – o que certamente é importante. Mas recorde-se que não é suficiente. A identidade da escola católica permite-a trabalhar com profundidade a dimensão espiritualidade, trazendo elementos da fé cristã, da Palavra de Deus e do magistério da Igreja que podem enriquecer o percurso. Recorde também que a espiritualidade é algo acessível a todos, independentemente da confissão de fé, e na dinâmica do Projeto de Vida, a transcendência é dimensão fulcral: um projeto de vida que não nos ajude a crescer “para cima e para os lados”, que seja autorreferente, vai falhar miseravelmente em suas intenções!
  • Descubra linguagens diferentes e contextualizadas para falar de vocação. No ambiente da escola pode ser que o discurso vocacional a que estamos habituados não tenha muita repercussão. Ouse mudar o modo de apresentar a vocação, procure relacionar com outras dimensões e realidades vividas pelos jovens e, sobretudo, escute mais. A escuta atenta, generosa, sábia e estratégica auxilia tanto o jovem no seu autoconhecimento como a própria equipe de pastoral que terá elementos mais concretos para agir.
  • Encontre o poder do testemunho daqueles que responderam o chamado. Para isso, compartilhe com os estudantes as experiências de religiosas, religiosos, presbíteros, diáconos, casais, leigos engajados, catequistas que, respondendo ao chamado de Deus, encontraram o “fio de ouro” da existência. O discurso comove, mas o testemunho arrasta!

Materiais Disponível em: https://anec.org.br/noticias/mes-vocacional-na-escola-catolica[1]projeto-de-vida-discernimento-e-escuta/ , acesso em 22/07/2021.

NOSSA HISTÓRIA, COMEÇOU ASSIM… RMNSD – RELIGIOSAS MISSIONÁRIAS DE NOSSA SENHORA DAS DORES

Um chamado divino A Congregação das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores é uma Congregação brasileira, que tem suas raízes do outro lado dos mares. Nossa história começou como um grão de pólen caído no coração de uma menina francesa, quando ela descobriu a fonte de sua vocação missionária, no dia de sua Primeira Eucaristia.

Vários fatos aconteceram na vida de Sarah Gayetti. Em seu íntimo os acontecimentos conversavam, questionavam. E de seu íntimo, veio a resposta como flor madura de reflexão. Decidiu-se pelo Absoluto. E a menina lionesa cresceu… cresceu! O pequeno grão de pólen também cresceu. Ele acordou e pôde germinar a flor. Uma flor madura de ardor missionário!…

Aos 17 de abril de 1900, Sarah, então 18 anos de idade, viu tornar-se concreto o sonho missionário de sua infância. Ela consagrou toda sua vida ao Senhor, para se tornar uma voz profética que levaria a mensagem que ardia em seu coração, a qualquer parte do mundo. Sarah tornou-se Irmã Maria de Jesus, na Congregação de Notre Dame de Fourvière, situada em Lyon/França, a linda cidade que a viu nascer.

Na aurora do século XX, a França passou pelos dramas políticos de uma destruidora perseguição religiosa. Essa perseguição expulsou as Irmãs Educadoras de suas Escolas em todo o país. A jovem Irmã Maria de Jesus, com o coração ardente de amor missionário, empregou todos os esforços para defender e sustentar a vida de sua Congregação.

Madre Maria de Jesus, talvez teria feito ao Senhor esta proposta: “Senhor, se for necessário, eu me ofereço para me exilar, afastando-me de minha bela e doce França, para transplantar nossa querida Congregação onde Vós me ordenardes e conduzir.” Foi um tempo de grandes sofrimentos e de resistência para continuar a vida da Congregação!… A Fé não vacilou.

“Quem sabe, faz a hora!”

A missionária convidou sua prima, Irmã Maria Miguel, para juntas deixarem sua Pátria em busca de outro país, onde pudessem recomeçar sua Vida Religiosa. Em seus corações, a chama da Fé iluminava a audácia de correr o risco!…Eram grandes os desafios, porém a coragem era maior que tudo! E ela escolhe correr o risco, viver essa aventura, caminhando entregue ao amor que dava sentido à sua decisão, arriscando-se na esperança, vivendo a certeza da fé.

O Brasil foi a nova pátria indicada pelo Espírito à Irmã Maria de Jesus para tornar realidade seu sonho missionário. Em 1913, uma nova Congregação nascia, iluminada pela luz da Fé, sob o olhar amoroso de Deus e cuidada pelas mãos maternas de alguém que tinha um “Coração de Fogo e Vontade de Ferro”.

Nascia a Congregação das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores, fundada por Madre Maria de Jesus, na pequenina cidade de São Domingos do Prata/MG. Após passarem por tempos difíceis, a cidade mineira de Itabira foi o canteiro fértil que viu germinar o pequeno grão de pólen trazido da França no coração da jovem lionesa. A Casa-Mãe da Congregação, situa-se no alto da Rua Santana, na cidade de Itabira/MG.

Na cidade de Santa Bárbara/MG, aos 26 de abril de 1961, Madre Maria Miguel, “presença amiga” e grande colaboradora da Madre fundadora, terminou sua missão nesta terra, buscando vida plena na pátria do céu. Aos 31 de maio de 1963, na cidade de Formosa/GO, fechou-se a última página de uma história de Fé e Coragem… É a história da missionária, Madre Maria de Jesus, que partiu deste mundo, retornando aos braços do Pai.

É preciso continuar a vida da Congregação! Hoje, o sonho de sua Fundadora está semeado, como o grão de pólen, no coração de suas filhas, na fidelidade e na Fé.

Madre Maria de Jesus, sua obra seja aqui como um “ramo bento” certamente santificado pela graça do Pai e renovado sempre verde! Hoje, o sonho de amor missionário continua! A Congregação das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores vive o Tempo Novo. Nele, há espaço para a utopia e a luta em busca de transformação dos sonhos em realidade partilhada com o povo de Deus pelas estradas da vida.

Disponível em: https://rmnsd.com.br/quem-somos/historia/, acesso em 22/07/2021

Temáticas – Mês Vocacional

SEMANA         TEMA DA ORAÇÃO
02 a 06/08      Sacerdotes (Ordem)
09 a 13/08      Família (Matrimônio)
16 a 20/08      Religiosos
23 a 26/08      Leigos e Catequistas
27/08               Comemoração da chegada das Madres no Brasil 1913